por Raíssa Araújo Pacheco, do Outras Palavras
Na obra “O Capital Está Morto”, McKenzie Wark expõe como as tecnologias moldaram novas classes e propõe um olhar atualizado e ampliado sobre as novas formas de produção da exploração.
A palavra burguesia evoca que imagem em sua mente? Talvez, a imagem que venha seja a do clássico “homem de colarinho branco” ou até mesmo o velhinho do jogo Monopoly, de fraque, cartola e bengala. Todavia, será que esse imaginário representa os exploradores de nosso tempo?
São essas perguntas que McKenzie Wark, nos faz em seu livro O Capital Está Morto. Publicada em 2019, a obra foi traduzida e lançada para o público do Brasil em 2022 pelas editoras sobinfluencia e Funilaria.
Através de sua escrita descomplicada e envolvente, a autora de “O Manifesto Hacker” (2004), nos faz um convite a repensar e atualizar as categorias de classe para enfrentar a exploração contemporânea, que, para ela, pode ser algo muito pior do que os velhos processos que compreendemos por capitalismo.
Na esteira de muitos dos atuais debates, Wark defende que a informação é a nova moeda de troca. Sem negar as categorias de análise marxistas e partindo do olhar da economia política da informação, ela propõe uma classificação que abarque os novos tipos de exploradores e explorados de nossa era: os vetorialistas e os hackers.
Em seu livro, Wark explica que a classe vetorialista é a que “possui e controla o vetor”. Para ela, vetor é “algo que molda o mundo de uma maneira particular, mas que também pode moldar diferentes aspectos do mundo”. As informações, que são constantemente coletadas nas mídias digitais, estariam na estrutura desse vetor. Ao mesmo tempo que esse vetor é feito de informação, ele a transporta. Na era em que aplicativos de celular – que são constituídos desses vetores – coletam dados e os transformam em uma moeda valiosa, é um divisor de águas “ter a propriedade do vetor” e “os protocolos legais e técnicos” desses dados e informações. Esse, por exemplo, é o debate da “propriedade intelectual”.
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