Máscaras e bandeiras

Ao olhar para o movimento das praças que ocorreram em diversos países entre 2011 e 2016, Paolo Gerbaudo explora elementos comuns que sinalizam uma nova cultura global de protesto. Em diálogo com manifestações históricas, com o neoliberalismo e com o  contexto de crise mundial de representatividade das instituições, o autor desenvolve sua argumentação trabalhando com a noção de cidadanismo. 

 

A máscara e a bandeira simbolizam o que ele identifica como “as duas principais orientações políticas – neoanarquismo e populismo democrático – que se encontraram no movimento das praças, dando lugar à ‘nova política’ do cidadanismo”. O autor valoriza a tomada de protagonismo dos cidadãos na busca de (re)colocar a cidadania no centro da vivência democrática sem, no entanto, fugir do debate sobre as contradições intrínsecas a esse processo que ele chama de “cidadania auto-organizada”.

 

Ainda, analisa de que maneira esses movimentos deixaram vestígios e possibilidades depois de muitos anos em que manifestações populares foram forçados a ficar na defensiva, e qualquer discussão de mudança radical da ordem neoliberal foi ridicularizada. 

 

De acordo com Nina Santos, pesquisadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital, da Universidade Federal da Bahia, e autora do prefácio, mesmo que tenha sido publicado há cinco anos, o livro esbanja atualidade e “nos ajuda a avançar tanto na compreensão de conceitos e elementos cruciais para entender a realidade contemporânea, como também na construção de uma cidadania ativa e inclusiva que fortaleça as sociedades democráticas. Em tempos de desamparo político e social, buscar entender e aprofundar experiências inovadoras, interessantes e democratizantes é, sem dúvida, essencial, e esta obra é magnânima neste sentido”.